quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Liderança e Planos de Sucessão: Participação de Moçambique no campeonato de Mundo de Atletismo




Os recentemente terminados campeonatos mundiais de atletismo foram essencialmente históricos pelo desempenho e performance do Jamaicano Usein Bolt. Fulminante, bateu 2 recordes individuais, e ainda venceu, em equipa, a estafeta. Históricas foram também as marcas atingidos por este super atleta, ao correr os 100m em 9.58s  e os 200m em 19.19s
Na mesma senda, histórica e descolorida, foi a presença de Moçambique neste campeonato, que ao contrário de outros tempos, não teve ninguém no quadro das medalhas, como muito bem nos habituou a menina de ouro Lurdes Mutola. É deste aspecto em particular que queremos abordar com algum detalhe.
Durante muito tempo ficamos reféns (com razoes de sobra para tal) dos resultados satisfatórios da Lurdes Mutola, e a espaços da própria Argentina da Gloria. Confiamos tanto nestas atletas, que não nos preocupamos, como povo e como dirigentes desportivos, em encontrar alternativas, prováveis sucessores destas grandes estrelas. O resultado, esse, esta patente na sombria e envergonhada participação de Moçambique nestes campeonatos.
Leonor Piuza, e Kurt Kouto, demonstraram que a fasquia da saudade da Lurdes Mutola, durara muito tempo.
No desporto, como na gestão das empresas, temos de pensar não no sucesso de hoje, mas na continuidade do sucesso em tempos futuros e na ausência do expoente máximo dessa organização, quer ele seja o presidente do concelho de administração, ou o excelente atleta. É comum dizer que a avaliação das lideranças ocorre não enquanto o timoneiro continua presente, mas a posteriori, com o legado que deixa nas organizações. Não desejando afirmar que a Lurdes Mutola não tenha sido o expoente máximo do nosso desporto, eventualmente não ofenderia ninguém se afirmássemos que ao redor do dirigismo daquela modalidade em particular e quiçá do governo, faltou a visão estratégica da continuidade e sucessão dos talentos actuais. Em outras modalidades e contextos, todos nos lembramos do abandono da prática desportiva de grandes estrelas que momentaneamente deixaram os amantes do desporto órfãos das suas grandes estrelas.
Falo-vos nomeadamente de Michael Jordan, Carl Lewis, Maradona, Luis Figo, Kaimane de Deus, etc. Rapidamente surgiram outras estrelas, como que a colmatar a partida daqueles, como sejam e respectivamente, Kobe Bryant, Michael  Johnson Leonel Messe, Cristiano Ronaldo, Nandinho entre outros. Até pela máquina de marketing que se tornou o desporto moderno, as estruturas desportivas criam novas estrelas, para manter o entusiasmo e interesse dos fans.
A sucessão na Microsoft decorreu sem nenhum abalo catastrófico com a saída de Bill Gates. No desporto, confesso que a transição não é igualmente comparável ao mundo empresarial. Talento desportivo é mais escasso e presumo que não tão transferível como no exemplo acima. No entanto, parece-me extremamente exequível, trabalhar-se com planificação e sentido de urgência, para precocemente identificar talentos para prosseguirem o legado dos mais conceituados.
Vezes há, inclusivamente que mesmo antes da retirado do líder vigente, o seu sucessor já esta identificado e exposto as melhores praticas de gestão (empresas), ou as maiores competições desportivas, para que a transição, o manancial de experiencia e conhecimento, sejam integralmente passados ao sucessor. Infelizmente não estamos a fazer o mesmo quer no desporto, e atrevo-me, quer no mundo empresarial. O que pode ser um indicador muito perigoso sobre o futuro dessas organizações, basta ver, a ausência de referências que infelizmente já não temos no nosso actual atletismo.
Temos o Dominguez, estrela máxima do nosso futebol actual. Facto é que ele é um excelente jogador e atrai multidões para os estádios. Vislumbramos algum sucessor, tendo em conta que a vida de um atleta é curta por natureza, mas pode ser encurtada por outras razoes?
Este devera ter sido o primeiro de muitos mundiais, em que os Moçambicanos terão de se contentar em aplaudir os feitos de Usein Bolt, Nelson Evora, Keneniana Bekele ou Yelena Isinbayeva, e tantos outros estrangeiros, ao invés do envolvimento emocional que caracterizou a presença de Lurdes Mutola em grandes eventos desportivos mundiais.
Atrevo-mo a afirmar que a questão da sucessão para além de um dever fundamental de quem dirige ou lidera, devera ser entendida como falta de responsabilidade cívica e empresarial, para quem não acautela o futuro do negócio ou do desporto. Infelizmente ainda não se descobriu o segredo vitalício da gestão perpétua (alguns remam contra este principio), mas não acautelar a gestão futura de novos talentos ou a gestão de empresas, é votar esses mesmos projectos ao infortúnio.
Mesmo depois de retirada,  a Lurdes Mutola, continua a servir de exemplo para todos nos.


Celso Santos

Psicólogo Organizaciona






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