Os
recentemente terminados campeonatos mundiais de atletismo foram essencialmente
históricos pelo desempenho e performance do Jamaicano Usein Bolt. Fulminante,
bateu 2 recordes individuais, e ainda venceu, em equipa, a estafeta. Históricas
foram também as marcas atingidos por este super atleta, ao correr os 100m em
9.58s e os 200m em 19.19s
Na
mesma senda, histórica e descolorida, foi a presença de Moçambique neste
campeonato, que ao contrário de outros tempos, não teve ninguém no quadro das
medalhas, como muito bem nos habituou a menina de ouro Lurdes Mutola. É deste aspecto em particular que queremos
abordar com algum detalhe.
Durante
muito tempo ficamos reféns (com razoes de sobra para tal) dos resultados
satisfatórios da Lurdes Mutola, e a espaços da própria Argentina da Gloria.
Confiamos tanto nestas atletas, que não nos preocupamos, como povo e como dirigentes
desportivos, em encontrar alternativas, prováveis sucessores destas grandes
estrelas. O resultado, esse, esta patente na sombria e envergonhada participação
de Moçambique nestes campeonatos.
Leonor Piuza, e Kurt Kouto, demonstraram que
a fasquia da saudade da Lurdes Mutola, durara muito tempo.
No
desporto, como na gestão das empresas, temos de pensar não no sucesso de hoje,
mas na continuidade do sucesso em tempos futuros e na ausência do expoente
máximo dessa organização, quer ele seja o presidente do concelho de
administração, ou o excelente atleta. É
comum dizer que a avaliação das lideranças ocorre não enquanto o timoneiro
continua presente, mas a posteriori, com o legado que deixa nas organizações.
Não desejando afirmar que a Lurdes Mutola não tenha sido o expoente máximo do
nosso desporto, eventualmente não ofenderia ninguém se afirmássemos que ao
redor do dirigismo daquela modalidade em particular e quiçá do governo, faltou
a visão estratégica da continuidade e sucessão dos talentos actuais. Em outras
modalidades e contextos, todos nos lembramos do abandono da prática desportiva
de grandes estrelas que momentaneamente deixaram os amantes do desporto órfãos
das suas grandes estrelas.
Falo-vos
nomeadamente de Michael Jordan, Carl Lewis, Maradona, Luis Figo, Kaimane de
Deus, etc. Rapidamente surgiram outras estrelas, como que a colmatar a partida
daqueles, como sejam e respectivamente, Kobe Bryant, Michael Johnson Leonel Messe, Cristiano Ronaldo,
Nandinho entre outros. Até pela máquina de marketing
que se tornou o desporto moderno, as estruturas desportivas criam novas
estrelas, para manter o entusiasmo e interesse dos fans.
A
sucessão na Microsoft decorreu sem nenhum abalo catastrófico com a saída de
Bill Gates. No desporto, confesso que a transição não é
igualmente comparável ao mundo empresarial. Talento desportivo é
mais escasso e presumo que não tão transferível como no exemplo acima. No
entanto, parece-me extremamente exequível, trabalhar-se com planificação e
sentido de urgência, para precocemente identificar talentos para prosseguirem o
legado dos mais conceituados.
Vezes
há, inclusivamente que mesmo antes da retirado do líder vigente, o seu sucessor
já esta identificado e exposto as melhores praticas de gestão (empresas), ou as
maiores competições desportivas, para que a transição, o manancial de
experiencia e conhecimento, sejam integralmente passados ao sucessor.
Infelizmente não estamos a fazer o mesmo quer no desporto, e atrevo-me, quer no
mundo empresarial. O que pode ser um indicador muito perigoso sobre o futuro
dessas organizações, basta ver, a ausência de referências que infelizmente já
não temos no nosso actual atletismo.
Temos
o Dominguez, estrela máxima do nosso futebol actual. Facto é
que ele é um excelente jogador e atrai multidões para
os estádios. Vislumbramos algum sucessor, tendo em conta que a vida de um
atleta é curta por natureza, mas pode ser encurtada
por outras razoes?
Este
devera ter sido o primeiro de muitos mundiais, em que os Moçambicanos terão de
se contentar em aplaudir os feitos de Usein Bolt, Nelson Evora, Keneniana
Bekele ou Yelena Isinbayeva, e tantos outros estrangeiros, ao invés do envolvimento
emocional que caracterizou a presença de Lurdes Mutola em grandes eventos
desportivos mundiais.
Atrevo-mo
a afirmar que a questão da sucessão para além de um dever fundamental
de quem dirige ou lidera, devera ser entendida como falta de responsabilidade
cívica e empresarial, para quem não acautela o futuro do negócio ou do
desporto. Infelizmente ainda não se descobriu o segredo vitalício da gestão perpétua
(alguns remam contra este principio), mas não acautelar a gestão futura de
novos talentos ou a gestão de empresas, é votar esses mesmos
projectos ao infortúnio.
Mesmo
depois de retirada, a Lurdes Mutola, continua
a servir de exemplo para todos nos.
Celso Santos
Psicólogo Organizaciona
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