BULLYING

Joaquim Wate 

O QUE OS PROFESSORES, A ESCOLA E OS PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO, DEVEM SABER ACERCA DESTA PROBLEMÁTICA

           

1.       O que é Bullying?

O termo inglês “Bullying” pode ser traduzido, em português, por intimidação. É uma forma de violência física, verbal e psicológica entre pares, geralmente crianças ou jovens, com a intenção de magoar a outra pessoa.

O termo “Bullying” compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adoptadas por um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dôr e angústia, e é executada dentro de uma relação desigual de poder.

O “Bullying” na escola define-se do seguinte modo: um aluno que geralmente tem sido provocado/vitimado quando ele está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a acções negativas da parte de um ou mais colegas (OLWEUS, 1993).

A maioria das situações de intimidação ocorre em contexto escolar (durante os intervalos nos pátios da escola, nas casas de banho, nos refeitórios e nas salas de aula) ou no percurso entre a casa e a escola e vice-versa. O ”Bulliyng” geralmente acontece quando não existem adultos por perto.

O “Bullying” em princípio, pode parecer uma simples brincadeira mas, não deve ser visto desta forma. A agressão moral, verbal e até corporal sofrida pelos alunos, provocando sofrimento na vítima da “brincadeira”, pode causar depressão.

Quais os tipos de Bullying?

Podemos encontrar vários tipos de “Bulliyng”, dentre eles destacamos os seguintes:

o   Verbal: chamar nomes, lançar calúnias ou gozar com alguma característica particular da outra pessoa (“gordo”; “caixa de óculos”; “baixinho da república”  “cinco dumas ” entre outros).

o   Físico: empurrar, pontapear, bater, beliscar ou outro tipo de violência física.

o   Emocional: excluir, atormentar, ameaçar, manipular, amedrontar, chantagear, ridicularizar, e ignorar.

o   Racista: toda a ofensa que resulte da cor da pele, das diferenças culturais, étnicas e/ou religiosas.

Alguns sinais de alerta De Bullying

Atenção! A criança que está a ser vítima de ”Bullying” pode geralmente apresenta os seguintes sinais:

o   Estar assustada ou não ter vontade de ir para a escola e rejeição.

o   Tornar-se agressiva com as pessoas.

o   Mostrar angústia ou ataques de pânico sem motivo claro.

o   Dificuldades de concentração.

o   Urinar na cama ou ter pesadelos nocturnos.

o   Isolar-se demasiadamente.

o   Passar a apresentar resultados fracos na escola.

o   Gaguejar quando fala.

o   Perder a vontade de comer ou ausentar-se constantemente às refeições e perde também os seus objectos.

o   Furtar objectos e dinheiro em casa, e o material escolar e pessoal começam a aparecer danificados.

o   Tornar-se medrosa e falar pouco sobre o que se está a passar.

o   Apresentar baixa auto-estima.

o   E atenção! Em algumas das vezes, tentam o suicídio, como também podem abusar de álcool e outras drogas.

Estes sinais podem indicar outro tipo de violência, contudo, o ”Bullying” deve ser tido em especial consideração. As manifestações são diferentes de criança para criança, podendo, nalguns casos, ser pouco visíveis ou mesmo passarem despercebidas, sem que isso signifique menor gravidade.

Mitos e realidades sobre a problemática “Bullying”

Mitos	Realidades
O Bullying é uma fase que faz parte da vida das pessoas. Todas as crianças conseguem ultrapassar essa fase.	O Bullying não é um comportamento socialmente aceitável. Aceitar tal comportamento é conferir mais poder aos intimidadores.
Se a criança ou adolescente contar a alguém, será pior, uma vez que a intimidação aumentará. O Bullying é um problema da escola e só os professores é que devem preocupar- se.	Estudos demonstram que o Bullying só pára quando os adultos e pares ou pais são directamente envolvidos. O Bullying é um problema social que, por vezes, pode ocorrer, também, fora da escola, nomeadamente na rua, centros comerciais, e as vezes com adultos, nos locais de trabalho.
As pessoas que intimidam as outras nasceram assim.	O Bullying é um comportamento aprendido e os comportamentos podem ser mudados.

O que é que os professores e a escola podem fazer?  

O Professor é umas das pessoas que passa a maior parte do tempo com os seus alunos. Neste sentido a escola tem um papel fundamental, tanto ao nível da prevenção como da intervenção.

É importante considerar que:

o   Todos somos responsáveis por promover um ambiente seguro para todas as crianças, para que estas possam desenvolver-se numa atmosfera descontraída e segura.

o   O Bullying e outros tipos de comportamentos violentos são inaceitáveis socialmente.

o   Todos os intervenientes da escola, pais e encarregados de educação e as crianças devem ter uma compreensão clara do Bullying.

o   Devem ser postos em prática e disseminados procedimentos para relatar acontecimentos intimidatórios. 

o   Todas as crianças devem ser informadas acerca da importância de contar a um adulto que estão a ser intimidadas e saber que se deve lidar com estes incidentes de uma forma imediata e eficaz de modo a evitar danos.

Professores, pais e encarregados de educação! Se uma criança quiser contar uma situação de Bullying deverá:

o   Procurar um espaço tranquilo e pedir-lhe que conte exactamente o que aconteceu ou está a acontecer.

o   Acreditar em “tudo” o que a criança contar e valorizar o facto dele o ter conseguido fazer.

o   Dizer à criança intimidada que a culpa da intimidação não é dela e garantir que irá apoiá-la na resolução do problema ou seja, deixar a criança mais tranquila e segura.

Perfil das Vítimas

As vítimas do Bulliyng são gozados devido as suas características físicas e/ou psicológicas.Geralmente são indivíduos que usam óculos, são introvertidos, frágeis, inseguras, pessoas sem dentes, são pessoas obesas, pois os alunos mais gordos são normalmente os mais sensíveis a “ataques” dos colegas.

Perfil dos Agressores

Normalmente os alunos que praticam Bulliyng têm um aspecto físico forte, são corpolentos. São populares e violentos, quer física ou psicológicamente. São alunos impulsivos, que podem mostrar-se agressivos inclusivamente com os próprios adultos, eles sentem prazer em dominar os outros. Os agressores são também antipáticos e arrogantes.

Formas de intervenção:

 Numa situação de Bullying, sugere-se o seguinte:

o   Falar com as crianças envolvidas num espaço tranquilo e seguro.

o   Relatar os incidentes à equipa de Psicólogos.

o   Nos casos de abusos mais sérios, os incidentes devem ser registados pela equipa.

o   Os pais das crianças envolvidos para discutir o problema.

o   Se for necessário e apropriado, a polícia deve ser consultada.

o   O comportamento intimidador e os traços ameaçadores devem parar imediatamente.

o   Deve ser feita uma tentativa para terminar com as intimidações imediatamente por parte dos sujeitos intimidadores.

o   O intimidador deve pedir desculpa e ser responsabilizado pelo seu comportamento.

o   Em situações mais graves deve ser considerada a suspensão ou mesmo a expulsão do aluno intimidador.

o   Umas das recomendações é que, se possível as crianças ou jovens devem reconciliar-se.

Atenção!

Apesar de a maioria dos comportamentos de bullying ocorrerem na escola, a sua prevenção deverá centrar-se em toda a comunidade. Todas as pessoas (as crianças e jovens, a família, as escolas e a comunidade em geral) desempenham um papel importante na luta contra esta problematica. É fundamental ter em conta que o Bullying é um problema público.

De acordo com VENTURA (2006), devido à enorme pressão a que o Bullying sujeita a pessoa, esta torna- -se cada vaz mais fragil. E uma vez fragilizada, esta pessoa “vítima” apresenta dificuldades de comunicação com os demais, o que influencia negativamente a sua capacidade de desenvolvimento em termos sociais, profissionais e emocionais. A incompreensão por parte dos adultos é algo que as vítimas desta problemática sentem habiltuamente.

Em casos de Bulliyng, tanto a vítima como também o agressor, devem ser encaminhados para as consultas de Psicologia, onde encontrão todo apoio necessário.

O Bulliyng é um problema mundial, um problema do ser humano imaturo, é um fenómeno encontrado em qualquer escola, não está restrito a nenhum tipo específico de instituição ou escola: primária ou secundária, pública ou privada, urbana ou rural.

Joaquim Wate
Psicólogo Pedagogo
Centro de Psicologia Aplicada e Exames Psicotécnicos (CEPAEP/MISAU/DSM)