Rómulo Muthemba
A Psicologia é uma ciência que estuda os processos psíquicos e o comportamento humano, é autónoma, mas de natureza eclética, muito por “culpa” dos diversos e variados contributos de outras ciências (antropologia, sociologia, biologia, etc).
A Psicologia é uma ciência que estuda os processos psíquicos e o comportamento humano, é autónoma, mas de natureza eclética, muito por “culpa” dos diversos e variados contributos de outras ciências (antropologia, sociologia, biologia, etc).
É
potencialmente, cooperante em vários domínios do saber como a medicina,
educação, trabalho e de outras profissões como o marketing, avaliação,
aeronaútica, militar, política, desporto, entre outras.
É considerada em vários
contextos, uma ciência fundamental e prestigiante.
Em Moçambique, tem sido contrária esta tendência para o rigor, boa formação
acadêmica e humana e, mais centrada no facilitismo. Nos últimos anos tem-se
verificado uma “psicopraga” nas nossas universidades e instituições do ensino
superior. É o curso mais comercial, considerado mais fácil de se abrir e com
retorno certo, mas também é o curso onde militam os “frustrados” e desalojados de
outros cursos (medicina, direito, etc.).
Ao contrário do que se está a tentar pregar, a psicologia não é um curso barato,
isto se feito com o rigor, com laboratórios, supervisão constante, campos de
estágios apetrechados e investimento na formação do corpo docente.
É fundamental deixar ficar a ideia de que o melhor loby e advocacia para o
reconhecimento da classe dos psicólogos é a organização, rigor na formação e
qualidade do trabalho – este sim, deve ser o grito de revolta: “trabalhar bem, fazer
bem e com muita qualidade” – assim seremos reconhecidos e seguidos.
Facilitismos, formações “ridículas” de licenciatura e pós-graduações para alimentar
apenas narcisismos individuais de acumulação de diplomas, quando não
conseguimos fazer uma simples entrevista clínica, é uma perversão que não nos
permitirá tratar de quem quer que seja e abrindo espaço para que continuemos a
ser ridicularizados perante os colegas de outras áreas e da sociedade no geral.
Preocupemo-nos em equipar as nossas faculdades de psicologia, a delimitar os
campos de acção em função da formação e treino e, melhorar a qualidade da
assistência através da pesquisa, auto-avaliação, supervisão e treino constante.
Hoje, enaltecemos o facto de sermos Psicólogos, alimentamo-nos com a (pseudo)
valorização que o título de Dr. nos confere. Aqui reside o grande perigo do “não
saber e não saber que não sabemos”, abrindo espaço para uma série de agressões
ético-técnicas que só fazem sentido aos própios psicólogos militantes do
facilistismo, negação e promoção da independência total de quem pratica o acto
psicológico – errado.
Hoje, ouvimos queixas “aberrantes” de condutas dos psicólogos no espaço
terapêutico e outros que mostram de forma efectiva que faltam talento, técnica,
formação e humildade.
Perante estes factos, propalamos de viva voz que a solução é a Ordem dos
Psicológos. Negativo!!! A solução está na mudança de atitudes contínua, uma
melhor formação, selecção dos melhores para que nos possam dar garantias de
qualidade e, daí o tão cobiçado prestígio.
A ordem pode ser um bom veículo de estruturação da classe, mas deve nascer
“direito e não torto” – como alguém já vaticinou.
Insiste-se com a necessidade de termos uma ordem de psicológos e
psicoterapêutas de Moçambique – vem aí a confusão e, não precisamos definir e
distrinçar estes diferentes conceitos e áreas de actuação, para prognosticarmos
que perpetuaremos as confusões actuais (pessoal sem formação em clínica a
exercer clínica, falta de investigação em serviços, actuações solitárias e sem
certificação ou conhecimento de técnicas usadas, falta de actualização técnica,
etc...)
Queremos optar por este caminho simples e rápido, mas autoflagedor ou pelo
curso do rigor, da qualidade e da valorização da classe?
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