Rómulo Muthemba
Na prática profissional, infelizmente encontramos vezes sem conta com vestígios
de solidões ou gritos originados por actos de violência, muitas das vezes
psicológica e mascarada contra o idoso. São violências que poucas ou nenhumas
vezes chegam aos jornais e ao sistema de justiça.
A violência física, é muitas vezes visível a olho nú. A psicológica, subtil não é tangível, mas deixa marcas (cicatrizes psicológicas) profundas na vítima. Quando se trata de idosos, é ainda mais significativa, pela fase de “desenvolvimento” em que se encontram.
Numa conversa com um grupo que considero de entendidos em matérias de violência, manifestei as minhas inquietações sobre o fardo das doenças, incluindo as doenças mentais nos idosos, associadas a vários outros aspectos psico-socioculturais que atentam contra a saúde destes e, principalmente sobre a necessidade de se abordar o assunto da violência contra o idoso (a par de outros) com mais afinco. Recebi do grupo as mais diversas contestações relativamente a importância deste assunto na actual conjunctura social moçambicana.
Falaram-me do abuso sexual de crianças, da violência doméstica, da criminalidade, etc… A outra tese mais defendida pelos contestatários da ideia de se investir na protecção integral do idoso era de que “não existiam dados em Moçambique que suportassem as minhas preocupações”.
Ora, muito precipitadamente e numa pesquisa preliminar fui reunindo alguns números para defender a minha premissa alimentada por poucos, mas significativos casos de tentativas de suicídio fracassadas, depressões e lutos sofridos por parte de pacientes idosos. Se moçambique conta com uma população de cerca de 22 milhões de habitantes, por volta de 1,2 milhão são idosos (http://www.verdade.comz/nacional/30390). O MMAS (2014) realça que há cerca de 450 idosos chefes de agregados familiares e os Gabinetes de Atendimento a Mulher e a Criança, muito recentemente começaram a recolher alguma informação estatística sobre a violência contra o idoso.
Esses dados mostram que só no primeiro semestre de 2014 registaram-se 450 casos de violência física, psicológica, negligência, abandono, acusação de feitiçaria, entre outros tipos de violência contra o idoso. (2014. p. 1). Já nos alertava o presidente do fórum da 3ª idade,António Sitoi (2012) que pelo menos 20 idosos foram mortos em Moçambique, entre os anos 2010 e 2011, acusados de feitiçaria e vários outros violentados sexual, psicológica e fisicamente.
Alguns deles foram privados de assistência alimentar, agravando deste modo a vulnerabilidade em que vive este grupo alvo. Falamos de formas de violência infelizmente consideradas (?) subtis: desde a negligência, abandono, abuso emocional, climas inafectivos de solidão e até ao desamparo. Tal como a famosa e actual violência doméstica, estas têm como palco, muitas vezes o meio familiar e é perpetrada pelos próprios familiares e comunidade com acusações de feitiçaria contra o idoso, até a prática de actos desumanos.
O mais agravante, neste cenário hediondo, é que e segundo Field (2014) há muitos casos de violência contra o idoso não reportados em Moçambique. Isto pode evidenciar a indiferença de muita gente e até dos fazedores de políticas. Das nossas constatações no âmbito clínico, e quando conseguimos abrir as vias de comunicação e oferecemo-nos para ouvir o idoso, percebemos que são actos graves, camuflados, potencialmente mais nocivos porque frequentes, intensos e sobretudo contínuos.
E tal como os jovens adolescentes, os idosos arriscam morrer para sobreviver a uma dor intensa e insuportável… Portanto, como consequência deste penoso trajecto, os idosos ficam psicologicamente paralíticos (deprimem, instala-se a ansiedade, a confusão) e às vezes suicidam-se (desistem). Comportamentos como: passividade perante a vida, apatia, “não querer tomar os medicamentos”, etc. transportam muitas vezes reflexos inconscientes de poderes perdidos, sinalizam com frequência represálias, ajustes de contas embrulhados em várias razões. São muitas vezes agredidos, julgados, acusados de feitiçaria, abandonados (alegadamente por se constituírem como um peso insuportável para as famílias).
Os Idosos são muitas vezes os “bodes expiatórios” de problemas que não são de facto deles: insatisfações relacionais, desgraças e até a pobreza, falta de chuva e relâmpagos… dizia-me um paciente: “…a minha vida acabou desde o dia que a minha própria filha me levou para a reunião no bairro e me disseram que ando a mandar acender as casas com fogo que vêm do céu…” Numa entrevista ao Jornal verdade, inserido nas comemorações do dia Internacional de Combate à Violência contra o Idoso, António Sitoi, Presidente do Fórum da Terceira Idade, realça com conhecimento de causa que “em Moçambique os idosos são sempre conotados com feitiçaria e por essa razão, não raras vezes são violentados”.
Conde Fernandes, coordenador do Fórum da Terceira Idade, afirma que “este ano (2014), só na Província de Sofala, 43 pessoas forma violentadas, acusadas de feitiçaria”(Silva, 2014, p.1) Segundo Silva (2014) em moçambique, “para além da violência física e psicológica, temos também a violência patrimonial, em que as pessoas idosas que possuem terrenos com casa e plantações, ao serem acusadas de feitiçarias, são expulsas de suas casas pelos própios herdeiros que ficam com os bens dos mais velhos….”.
Ainda na perspectiva de Silva, “há uma questão espiritual uma crença: mesmo sendo pessoas mais esclarecidas, muitos ainda acreditam em feitiço…”. Um estudo realizado pela Helpage (2010) nos distritos de Boane, Manhiça e cidade da Matola, Província de Maputo, constatou que em cada dez mulheres idosas inquiridas, seis haviam sofrido violência e, pelo menos quatro haviam sofrido roubo, isto é, violência contra património. Ainda no mesmo estudo, quatro dos idosos haviam sofrido insultos e ameaças, ou seja violência psicológica, sendo os vizinhos, filhos e netos os principais mentores desses actos.
A dor insuportável que cerca o idoso é inconsolável, toda a situação de violência física, patrimonial e etc., acarreta danos psicológicos. São dores que muitas vezes não são partilhadas, derramam-se ao longo do corpo, exacerbam doenças físicas e orgânicas já instaladas e aceleram o aparecimento de outras, num terreno fragilizado pelo tempo e, por isso merecedor de atenção.
O mais preocupante ainda é que os intervenientes (família, comunidade) não reconhecem essa violência e quando alguém lhes faz notar, escondem e mobilizam convicções íntimas: “é difícil, muito complicado, fazemos o possível…” Entretanto, quando encarámos o idoso no contexto de ajuda clínica, as histórias mostram-se totalmente contrárias/diferentes.
Facilmente se percebem limitações graves de comunicação, poucos alimentos afectivos e cortes repressivos de mobilidade psicológica. Alguém já havia vaticinado que a mãe de todas as violências em Moçambique é aquela perpetrada contra o idoso apesar da maior parte do “barrulho” cingir-se na violência contra a mulher e um pouco contra a criança. Por estes e outros motivos, consideramos que a atenção clínica aos problemas dos idosos não podem nem devem estar dissociados da atenção social e económica.
Devem existir centros de dia, locais de lazer, e outras estruturas de suporte que promovam o convívio, interacção, divertimento e actividades de promoção da saúde do idoso. O suporte familiar não se deve resumir ao dar alimentos e amparo financeiro, mas também a atenção individualizada, moral e banho de afectos, e porque não o reconhecimento que tanto falta ao idoso e que pode alimentar a sua auto-estima e reparar as feridas originadas pelos traumas, perdas (de identidade, poder, estatuto) e amarguras do tempo. Com estes alimentos, teremos mais idosos com uma melhor qualidade de vida, gozando plenamente dos prazeres merecidos. Teremos menos desistências, tentativas de fuga e suicídios.
No que se refere ao contexto clínico, devemos prestar atenção não apenas a queixa física, mas sobretudo a toda a dinâmica familiar, a história de vida e os acontecimentos actuais que despoletaram a vontade e necessidade de desistência (morrer). A tentativa de suicídio no idoso exige mais dos profissionais de saúde. As ideias de morte e necessidade de desaparecer, estão, muitas vezes ligadas a incapacidade de lidar com um sofrimento “insuportável”, sentimentos de incompletude, com uma gritante falta de auto-estima e egoísmo – “deixem-me partir para que os outros fiquem em paz”. (assumindo e interiorizando deste modo todas as atribuições negativas e agressivas que lhes foram passadas).
Reanimar psicologicamente o idoso pode não ser tarefa fácil. Esta missão passa em primeiro plano por conseguir-se (com técnicas de apoio e cognitivo comportamentais) ter um pedido de ajuda manifesto do próprio idoso. Os colegas da área médica, têm um papel importante em assegurar que após o tratamento das mazelas físicas e orgânicas possam ter a possibilidade de trabalhar sofrimentos psíquicos sentidos e vividos em silêncios de morte.
Todo um trabalho terapêutico preliminar com o idoso suicida baseia-se na diminuição dos factores de risco que podem levar ao suicídio (prevenção), no tratamento dos sintomas das várias problemáticas que apresenta (p.e. a depressão), e posteriormente no melhoramento da auto-imagem, no incremento do ânimo para a vida. Estas intervenções, correm paralelamente com outras sistêmicas (com envolvimento da família) e educacionais (explicativas).
É comum recebermos as seguintes queixas dos filhos e/ou cuidadores: “ele faz de propósito…não aceita alimentos dados por x,z… é muito teimoso…” que escondem um problema mais complexo de comunicação, falta de sintonia e empatia para com o idoso e, sobretudo a ignorância em relação às suas necessidades bio-psico-socioculturais e espirituais.
Em suma, se observarmos, escutarmos, identificarmos, contermos, alimentarmos, reconhecermos, tratarmos e orientarmos teremos menos desistências e mais possibilidades de vida.
Referências:
1. AIM em: notícias.sapo.mz/aim/artigo/514416062012143113.html. entrevista com o presidente do forum doa 3ª idade, António Sitoi.
2. INE, 2010. Projecções Anuais da População Total Urbana e Rural, Moçambique (2007-2040). Portal do Instituto Nacional de Estatística. Disponível:http://www.mpd.gov.mz/index.php?optioncom_docmantask viewgid45Itemid50%E2%8CA9pt.
3. Jornal A verdade. Site: http://www.verdade.comz/nacional/30390). Retirado a 4 de Março de 2015.
4. MMAS (2014). Relatório sobre violência. Maputo: MMAS.
5. Revista Kairós Gerentologia, 14 (6). ISSN 2176-901X. São Paulo (SP), Brasil, Dezembro 2011: 167-182.
6. Sugara, G; Francisco, A (2011). Envelhecimento Populacional. Ameaça ou Oportunidade? Ideias No 37.
7. Silva, N.S (2014). Conhecimentos e factores de risco de quedas e fontes de informação utilizados por idosos de londrina. Revista Kairós Gerentologia, 17(2). Pp. 141-151.
8. Site: http://www.helpage.org/ e http//www.ipcundp.org/doc_africa_brazil/report-healpage.pdf.
A violência física, é muitas vezes visível a olho nú. A psicológica, subtil não é tangível, mas deixa marcas (cicatrizes psicológicas) profundas na vítima. Quando se trata de idosos, é ainda mais significativa, pela fase de “desenvolvimento” em que se encontram.
Numa conversa com um grupo que considero de entendidos em matérias de violência, manifestei as minhas inquietações sobre o fardo das doenças, incluindo as doenças mentais nos idosos, associadas a vários outros aspectos psico-socioculturais que atentam contra a saúde destes e, principalmente sobre a necessidade de se abordar o assunto da violência contra o idoso (a par de outros) com mais afinco. Recebi do grupo as mais diversas contestações relativamente a importância deste assunto na actual conjunctura social moçambicana.
Falaram-me do abuso sexual de crianças, da violência doméstica, da criminalidade, etc… A outra tese mais defendida pelos contestatários da ideia de se investir na protecção integral do idoso era de que “não existiam dados em Moçambique que suportassem as minhas preocupações”.
Ora, muito precipitadamente e numa pesquisa preliminar fui reunindo alguns números para defender a minha premissa alimentada por poucos, mas significativos casos de tentativas de suicídio fracassadas, depressões e lutos sofridos por parte de pacientes idosos. Se moçambique conta com uma população de cerca de 22 milhões de habitantes, por volta de 1,2 milhão são idosos (http://www.verdade.comz/nacional/30390). O MMAS (2014) realça que há cerca de 450 idosos chefes de agregados familiares e os Gabinetes de Atendimento a Mulher e a Criança, muito recentemente começaram a recolher alguma informação estatística sobre a violência contra o idoso.
Esses dados mostram que só no primeiro semestre de 2014 registaram-se 450 casos de violência física, psicológica, negligência, abandono, acusação de feitiçaria, entre outros tipos de violência contra o idoso. (2014. p. 1). Já nos alertava o presidente do fórum da 3ª idade,António Sitoi (2012) que pelo menos 20 idosos foram mortos em Moçambique, entre os anos 2010 e 2011, acusados de feitiçaria e vários outros violentados sexual, psicológica e fisicamente.
Alguns deles foram privados de assistência alimentar, agravando deste modo a vulnerabilidade em que vive este grupo alvo. Falamos de formas de violência infelizmente consideradas (?) subtis: desde a negligência, abandono, abuso emocional, climas inafectivos de solidão e até ao desamparo. Tal como a famosa e actual violência doméstica, estas têm como palco, muitas vezes o meio familiar e é perpetrada pelos próprios familiares e comunidade com acusações de feitiçaria contra o idoso, até a prática de actos desumanos.
O mais agravante, neste cenário hediondo, é que e segundo Field (2014) há muitos casos de violência contra o idoso não reportados em Moçambique. Isto pode evidenciar a indiferença de muita gente e até dos fazedores de políticas. Das nossas constatações no âmbito clínico, e quando conseguimos abrir as vias de comunicação e oferecemo-nos para ouvir o idoso, percebemos que são actos graves, camuflados, potencialmente mais nocivos porque frequentes, intensos e sobretudo contínuos.
E tal como os jovens adolescentes, os idosos arriscam morrer para sobreviver a uma dor intensa e insuportável… Portanto, como consequência deste penoso trajecto, os idosos ficam psicologicamente paralíticos (deprimem, instala-se a ansiedade, a confusão) e às vezes suicidam-se (desistem). Comportamentos como: passividade perante a vida, apatia, “não querer tomar os medicamentos”, etc. transportam muitas vezes reflexos inconscientes de poderes perdidos, sinalizam com frequência represálias, ajustes de contas embrulhados em várias razões. São muitas vezes agredidos, julgados, acusados de feitiçaria, abandonados (alegadamente por se constituírem como um peso insuportável para as famílias).
Os Idosos são muitas vezes os “bodes expiatórios” de problemas que não são de facto deles: insatisfações relacionais, desgraças e até a pobreza, falta de chuva e relâmpagos… dizia-me um paciente: “…a minha vida acabou desde o dia que a minha própria filha me levou para a reunião no bairro e me disseram que ando a mandar acender as casas com fogo que vêm do céu…” Numa entrevista ao Jornal verdade, inserido nas comemorações do dia Internacional de Combate à Violência contra o Idoso, António Sitoi, Presidente do Fórum da Terceira Idade, realça com conhecimento de causa que “em Moçambique os idosos são sempre conotados com feitiçaria e por essa razão, não raras vezes são violentados”.
Conde Fernandes, coordenador do Fórum da Terceira Idade, afirma que “este ano (2014), só na Província de Sofala, 43 pessoas forma violentadas, acusadas de feitiçaria”(Silva, 2014, p.1) Segundo Silva (2014) em moçambique, “para além da violência física e psicológica, temos também a violência patrimonial, em que as pessoas idosas que possuem terrenos com casa e plantações, ao serem acusadas de feitiçarias, são expulsas de suas casas pelos própios herdeiros que ficam com os bens dos mais velhos….”.
Ainda na perspectiva de Silva, “há uma questão espiritual uma crença: mesmo sendo pessoas mais esclarecidas, muitos ainda acreditam em feitiço…”. Um estudo realizado pela Helpage (2010) nos distritos de Boane, Manhiça e cidade da Matola, Província de Maputo, constatou que em cada dez mulheres idosas inquiridas, seis haviam sofrido violência e, pelo menos quatro haviam sofrido roubo, isto é, violência contra património. Ainda no mesmo estudo, quatro dos idosos haviam sofrido insultos e ameaças, ou seja violência psicológica, sendo os vizinhos, filhos e netos os principais mentores desses actos.
A dor insuportável que cerca o idoso é inconsolável, toda a situação de violência física, patrimonial e etc., acarreta danos psicológicos. São dores que muitas vezes não são partilhadas, derramam-se ao longo do corpo, exacerbam doenças físicas e orgânicas já instaladas e aceleram o aparecimento de outras, num terreno fragilizado pelo tempo e, por isso merecedor de atenção.
O mais preocupante ainda é que os intervenientes (família, comunidade) não reconhecem essa violência e quando alguém lhes faz notar, escondem e mobilizam convicções íntimas: “é difícil, muito complicado, fazemos o possível…” Entretanto, quando encarámos o idoso no contexto de ajuda clínica, as histórias mostram-se totalmente contrárias/diferentes.
Facilmente se percebem limitações graves de comunicação, poucos alimentos afectivos e cortes repressivos de mobilidade psicológica. Alguém já havia vaticinado que a mãe de todas as violências em Moçambique é aquela perpetrada contra o idoso apesar da maior parte do “barrulho” cingir-se na violência contra a mulher e um pouco contra a criança. Por estes e outros motivos, consideramos que a atenção clínica aos problemas dos idosos não podem nem devem estar dissociados da atenção social e económica.
Devem existir centros de dia, locais de lazer, e outras estruturas de suporte que promovam o convívio, interacção, divertimento e actividades de promoção da saúde do idoso. O suporte familiar não se deve resumir ao dar alimentos e amparo financeiro, mas também a atenção individualizada, moral e banho de afectos, e porque não o reconhecimento que tanto falta ao idoso e que pode alimentar a sua auto-estima e reparar as feridas originadas pelos traumas, perdas (de identidade, poder, estatuto) e amarguras do tempo. Com estes alimentos, teremos mais idosos com uma melhor qualidade de vida, gozando plenamente dos prazeres merecidos. Teremos menos desistências, tentativas de fuga e suicídios.
No que se refere ao contexto clínico, devemos prestar atenção não apenas a queixa física, mas sobretudo a toda a dinâmica familiar, a história de vida e os acontecimentos actuais que despoletaram a vontade e necessidade de desistência (morrer). A tentativa de suicídio no idoso exige mais dos profissionais de saúde. As ideias de morte e necessidade de desaparecer, estão, muitas vezes ligadas a incapacidade de lidar com um sofrimento “insuportável”, sentimentos de incompletude, com uma gritante falta de auto-estima e egoísmo – “deixem-me partir para que os outros fiquem em paz”. (assumindo e interiorizando deste modo todas as atribuições negativas e agressivas que lhes foram passadas).
Reanimar psicologicamente o idoso pode não ser tarefa fácil. Esta missão passa em primeiro plano por conseguir-se (com técnicas de apoio e cognitivo comportamentais) ter um pedido de ajuda manifesto do próprio idoso. Os colegas da área médica, têm um papel importante em assegurar que após o tratamento das mazelas físicas e orgânicas possam ter a possibilidade de trabalhar sofrimentos psíquicos sentidos e vividos em silêncios de morte.
Todo um trabalho terapêutico preliminar com o idoso suicida baseia-se na diminuição dos factores de risco que podem levar ao suicídio (prevenção), no tratamento dos sintomas das várias problemáticas que apresenta (p.e. a depressão), e posteriormente no melhoramento da auto-imagem, no incremento do ânimo para a vida. Estas intervenções, correm paralelamente com outras sistêmicas (com envolvimento da família) e educacionais (explicativas).
É comum recebermos as seguintes queixas dos filhos e/ou cuidadores: “ele faz de propósito…não aceita alimentos dados por x,z… é muito teimoso…” que escondem um problema mais complexo de comunicação, falta de sintonia e empatia para com o idoso e, sobretudo a ignorância em relação às suas necessidades bio-psico-socioculturais e espirituais.
Em suma, se observarmos, escutarmos, identificarmos, contermos, alimentarmos, reconhecermos, tratarmos e orientarmos teremos menos desistências e mais possibilidades de vida.
Referências:
1. AIM em: notícias.sapo.mz/aim/artigo/514416062012143113.html. entrevista com o presidente do forum doa 3ª idade, António Sitoi.
2. INE, 2010. Projecções Anuais da População Total Urbana e Rural, Moçambique (2007-2040). Portal do Instituto Nacional de Estatística. Disponível:http://www.mpd.gov.mz/index.php?optioncom_docmantask viewgid45Itemid50%E2%8CA9pt.
3. Jornal A verdade. Site: http://www.verdade.comz/nacional/30390). Retirado a 4 de Março de 2015.
4. MMAS (2014). Relatório sobre violência. Maputo: MMAS.
5. Revista Kairós Gerentologia, 14 (6). ISSN 2176-901X. São Paulo (SP), Brasil, Dezembro 2011: 167-182.
6. Sugara, G; Francisco, A (2011). Envelhecimento Populacional. Ameaça ou Oportunidade? Ideias No 37.
7. Silva, N.S (2014). Conhecimentos e factores de risco de quedas e fontes de informação utilizados por idosos de londrina. Revista Kairós Gerentologia, 17(2). Pp. 141-151.
8. Site: http://www.helpage.org/ e http//www.ipcundp.org/doc_africa_brazil/report-healpage.pdf.
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