Rómulo Muthemba
Movidos pelo crescente contacto com o fenómeno da toxicodependência, e
principalmente de jovens consumidores e em idades mais precoces, propomos uma
reflexão sobre a multiplicidade e multidensionalidade dos factores envolvidos no início,
desenvolvimento e manifestação da toxicodepência.
Sugerimos a partida, não só um debate virado para a clínica (tratamento, reabilitação,
recuperação) de jovens toxicodependentes, mas sobretudo, um debate que se alargue na
busca das melhores estratégias de combate ao consumo de substâncias psicoactivas em
Moçambique.
Temos a noção de que este debate é também de natureza política, ultrapassando em
muito o âmbito extritamente técnico-científico da psiquiatria, psicologia e saúde mental.
Cada vez mais temos recebido em contexto clínico, jovens adolescentes, pais, mães e
familiares pedindo ajuda porque o jovem está com alguma alteração do comportamento,
ou foi descoberto um consumo, ou ainda a escola desvendou algo sobre isso.
Confrontamo-nos com pais aflitos, muitas vezes incrédulos porque nos dizem que
“nunca lhe faltou nada... sempre teve tudo...está na melhor escola...”, de entre outros
argumentos usados pelos pais para compreender o problema.